9.3.08

Em defesa da Sátira (parte2)

O que é Sátira ? (parte 2)

O velho cracker[1] orou:

“Senhor, Senhor, amado Senhor, como eu não tive uma babá preta em minha infância, me dê uma nos céus, Senhor. Minha família era muito pobre para pagar uma babá preta para nenhum dos oito filhos de meu pai. Eu fui um “desbabázado” em minha infância. Me dê uma babá nos céus, Senhor. Também uma nega velha para lustrar minhas sandálias douradas e para tirar o pó de minhas asas. Mas, Senhor, se houverem crioulos cultos no céu, mantenha-os longe de minha vista. A única coisa que eu odeio mais do que um crioulo culto é um crioulo integrado.”

Tradução livre de “Cracker Prayer” de Langston Hughes

O trecho citado acima é parte de uma maravilhosa zoação sobre a religiosidade racial. Esse trecho imediatamente levanta algumas questões que podem surgir a respeito da sátira religiosa: Podemos ridicularizar assuntos sagrados? Para que fim? Existem temas que não devem ser abordados (tabus ou “vacas sagradas”)?

Antes de analisarmos estas e outras questões, vamos prover uma breve definição, para efeitos e análise, da sátira. A sátira expõe e aponta as franquezas, erros e incongruências humanas; faz isso de modo a criar um “jogo bem humorado”; geralmente envolve ridicularizar suas “vítimas” por meio de diversas técnicas, dentre as quais a ironia e o exagero são as mais comuns. Seu objetivo é a correção da humanidade. A sátira religiosa lida com assuntos religiosos, teológicos, eclesiásticos e bíblicos.

A Sátira Religiosa como uma Forma de Escrita Polêmica

Muitos cristãos se sentem desconfortáveis a respeito da leitura e escrita de sátira, especialmente sátira religiosa, porque ela não parece ser um veículo sério o suficiente para assuntos religiosos. O tom satírico parece inapropriado para a “santidade da fé” (por favor, me imaginem com um bigodão, cara fechada de santidade, e voz aveludada de barítono falando “santidade da fé”). Esses mesmos cristãos normalmente não são contra escritos polêmicos por si próprios.

Continua...assim que tiver saco para escrever mais



[1] Cracker – apelido dado a nativos ou habitantes do estado da Geórgia (EUA).

Um comentário:

Temporal disse...

Creio que a sacralidade da bovídea deve muito de seu status à intenção manifesta do autor da sátira-piada-sejalaoquefor, se for apenas jocosa, quase toda bovídea é intocável, se for criticar com propriedade, "dói, mas é pro seu próprio bem meu filho", e toma sua bezetacil sem chorar moleque!!!